sábado, 25 de dezembro de 2010

Começa a reforma

O meu amigo Renatão foi bem "sutil" quando escreveu: "Tem cara-de-pau com foto na net do Niva mergulhado em lama, e, depois de semanas, anunciou o carro com a famosa frase: "não faço trilha...".
E é isso mesmo.
Se o antigo dono do "Pangaré" tivesse dito que não fazia trilhas com ele eu acreditaria.
O que eu acho que ele fazia era levar o "Pangaré" para nadar nas praias do Ceará.
A parte de cima da lataria estava razoável. Poucos pontos de ferrugem e esta, apenas naqueles lugares típicos do NIVA: Tampa do porta malas, em alguns lugares por baixo das borrachas dos vidros, junto ao "pé" da coluna do pára-brisas, ... Nada muito alarmante.
Mas, as longarinas, caixas de ar e o assoalho, principalmente na metada da frente...
Não dava para aproveitar nada.
Tinha que tomar uma decisão: Ou eu jogava a carcaça do meu velho "Pangaré" para terminar de apodrecer em um ferro velho ou encarava o desafio de refazer a sua estrutura.
Se fosse um CJ ou outro veículo com chassis seria muito fácil. Porém, o NIVA é monobloco. Refazer as longarinas sem deixá-lo "aleijado" seria uma tarefa de improvável sucesso, principalmente em uma pequena cidade do interior do Ceará.
Mas, como dizem que a necessidade é a mãe da invenção, em um lugar onde os recursos são mínimos tem gente que aprende a dar nó em pingo d'água. E para isso, por aqui, primeiro o cara tem que saber fazer chover.
Então, fui atrás de um soldador que tinha muita prática em reparo de chassis de caminhões, caminhonetes, máquinas agrícolas, bicicletas e carrinhos de mão.
Diziam que o cara era bom... quando não bebia. O problema é que o cara bebia trezentos dias por ano.
Como todo o otimista, NIVeiro ou maluco ( e não é tudo a mesma coisa?) pensei: Beleza, ainda sobram sessenta e cinco dias. Vamos lá, basta-me que o cara saiba soldar bem.
Com o soldador amarrado pelo pé, NIVA desmontado e material comprado, começamos a empreitada (ou loucura).
Falando em material, ficou decidido que as longarinas seriam substituídas por perfis de ferro em formato de "U", com dimensões próximas às longarinas, porém, muito mais resistente que as finas chapas destas. Para o assoalho, chapas #14.

Outra aspecto crítico da confecção das longarinas é a parte do cofre do motor, onde é fixada a suspensão dianteira, motor e direção. Ali, as longarinas fazem ligeira curvatura e as suas réplicas têm que ser exatamente iguais, de modo a não comprometer a geometria do veículo.
As longa sequência de fotos abaixo procura detalhar todo esse processo. Afinal, pode aparecer outro maluco (não devo ser o único) disposto a fazer o mesmo.

Começamos por fazer uma série de cortes em dois dos três lados de um perfil "U" de forma a poder envergá-lo com a mesma curvatura das longarinas originais. Esses cortes foram preenchidos com solda.



Um trabalho paciente e demorado.



Na próxima imagem, de cima para baixo vemos o perfil "U" já devidamente curvado, dois pedaços de cantoneira também parcialmente cortados de forma a se moldarem dentro do perfil "U" onde serão soldadas para aumentar a resistência do mesmo e, por ultimo, uma chapa #14 para servir de tampa, vedando o conjunto.



Aqui, as cantoneiras colocadas no interior do perfil"U". Todos os cortes serão prenchidos com solda, fixando tudo.


Por último a tampa, que também será soldada.


Nas imagens seguintes, o aspecto geral.




Aqui, na posição que ficarão no carro, visto de frente.


Tendo retirado a longarina do lado direito, o local já pronto para receber o novo pedaço.
A substituição das longarinas será feita trecho a trecho, de modo a evitar deformações da carroceria.



O posicionamento tem que ser preciso


Antes da solda, tudo tem que ser bem medido e posicionado de forma exata.




Aqui já soldado. O resultado final foi gratificante.



Posicionamento dos canotes e dos parafusos de fixação da suspensão. O canotes são para evitar deformações da longarina pelo aperto dos parafusos de fixação da suspensão.



Antes do fechamento da longarina, uma boa lambuzada com "Anti Ruste" da Texaco. Pena que não é mais fabricado. É um excelente protetor contra a corrosão.



Aspecto antes do acabamento final, vendo-se parte da lataria que foi refeita.

Um comentário:

  1. Acredito que o Pangaré, quando finalizado, terá uma estrutura muito próxima a de um pequeno tanque de guerra...rs
    Agora, falando sério: preste muita atenção para não alterar a geometria do carro. Você sabe muito bem o que significa ter um veículo no qual suspensão e monobloco não "conversam" entre si. No mais, desejo, como sempre o fiz, muito boa sorte e sucesso na empreitada.

    []s
    Renatão

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